As vaias ao francês Lavillenie mostram que a cultura do ódio triunfou entre nós. Por Paulo Nogueira |
Comportamento | |||
Wednesday, 17 August 2016 00:08 | |||
Os sociólogos terão que reescrever o nosso perfil. Éramos um povo cordial, segundo os especialistas. Somos hoje uma nação de gente cheia de ódio. A primeira vaia a Lavillenie já fora um horror. Foi quando ele foi batido por Thiago. Isso não é civilização. A segunda, na entrega das medalhas, foi ainda pior. Não há grandeza na vitória quando o vencedor se comporta desta maneira. É moralmente repulsivo. O francês já experimentara seu castigo: a derrota numa prova em que ele era um dos grandes favoritos. Já é um suplício. Jamais esqueceremos as lágrimas copiosas de Djokovic ao ser batido no torneio de tênis. Sua alma estava despedaçada. Alguém acha que Lavillenie estava numa situação melhor que a de Djokovic ao ser derrotado? Uma das imagens mais desoladoras dos Jogos do Rio foi o choro quieto de Lavillenie no palco. Nem assim os brasileiros foram misericordiosos. O público já mostrara uma atitude patológica ao vaiar o maior rival de Bolt, Gatlin. “Não é exatamente uma cena comum”, disse o comentarista da BBC diante dos apupos, desagradavelmente surpreso. O crime de Gatlin era o de ser o adversários mais qualificado de Bolt. Os atletas olímpicos fazem monumentais sacrifícios para nos proporcionar momentos de encanto duradouros. Treinam duramente enquanto descansamos. Esfolam-se em disputas massacrantes enquanto os vemos com nossos traseiros no sofá, pipoca nas mãos. Vaiá-los não é apenas prova de déficit civilizatório. É um ato de suprema ingratidão diante de quem nos entretém tanto. Fomos sempre assim, e apenas nos iludíamos com a tese de que éramos gentis? Ou alguma coisa aconteceu e destruiu nosso caráter? Suspeito — apenas suspeito — que a campanha de ódio das grandes empresas de mídia tenha um papel relevante em nossa transformação negativa. Cabe aos sociólogos investigar o fenômeno. E não estou incluindo aí o outrora cientista social FHC, hoje um miserável golpista e um propagador de ódio. Nem as lágrimas do derrotado comoveram os brasileiros Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/as-vaias-ao-frances-lavillenie-mostram-que-a-cultura-do-odio-triunfou-entre-nos-por-paulo-nogueira/
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