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A mentira do endividamento explosivo para justificar a PEC 55. Por Tereza Cruvine
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Cidadania
Tuesday, 08 November 2016 04:41

 

Tereza_Cruvinel“A justificativa central do governo Temer para a PEC 55, impondo um teto para o gasto público que sacrificará brutalmente o país e a população,  é uma deslavada mentira que precisa ser desmascarada”, diz a senadora Gleisi Hoffmann (PR-PR), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)  do Senado.

Ao justificar a PEC, o governo afirma que é preciso conter o “aumento sem precedentes da dívida pública” para restabelecer a confiança em sua “sustentabilidade”.

Estudo da Consultoria do Senado realizado pelo economista Petronio Portella Nunes Filho, a pedido da senadora, demonstra que ao longo dos governos Lula e Dilma, até 2013, a relação entre a dívida líquida total e o PIB (DLT/PIB) apresentou reduções substanciais em relação ao período FHC, caindo de  37,7% (em 2002) para 22,2% (em 2015). No biênio 2014-2015, em função da recessão, houve um aumento modesto da dívida em relação ao PIB, de 2,9%,  enquanto nos estados e municípios, também por razões recessivas, o aumento de 2,4%.  Este crescimento foi de natureza conjuntural, fruto da recessão,  e não estrutural, não justificando medida tão drástica, diz o estudo. “Drástica e equivocada, quando se propõe a combater a recessão com arrocho fiscal”, completa a senadora.

A batalha final sobre a PEC 55 chega ao momento final, com os debates conjuntos que a CAE e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) realizam nesta terça-feira. Na quarta, a comissão especial vota o parecer do relator Eunício Oliveira, pela aprovação integral da emenda.

A “Nota informativa 2797” da Consultoria Técnica do Senado joga luz sobre  o discurso falacioso que o governo propaga para justificar a PEC, calcado na ideia de que houve, sob Dilma, uma “explosão” inédita  do endividamento público.

Ao analisar a evolução da relação dívida/PIB, o estudo demonstra, com uma tabela evolutiva ano a ano,  que o período de maior explosão foi o do governo FHC. No final do governo Itamar, em dezembro de 1994, a relação dívida/PIB  era de 18,9%.  Em dezembro de 2002, ultimo ano de FHC, havia saltado para 37,7%.  No final da era Lula, em dezembro de 2010, havia caído para 25,8%. E continuou caindo, sob Dilma, até dezembro de 2015, quando foi de 22,2%.  Em relação aos entes federados, no período FHC a relação dívida/PIB saltou de 14,6% em 1994 para 19,7% em 2002, inferior, portanto, ao endividamento federal no período. Já sob Lula, houve uma redução para 11,6% no indicador.

“Somando-se a Dívida Líquida Total do governo federal com a dos Estados e Municípios, chegamos, ao final de 2015, com um nível de endividamento dos três níveis governamentais equivalente a 35,3% do PIB. Tal nível situa o Brasil entre os países menos endividados do mundo. A grande maioria dos países membros do G20 possui dívida pública líquida substancialmente maior”, diz o estudo. Uma tabela mostra que a dívida pública líquida destes países era de 52,3% do PIB em 2013, 42,5% em 2008 e 45,7% em 2003. Já o endividamento brasileiro (dívida pública liquida, que soma a do governo federal com a dos entes federados) seguiu caindo nos últimos 15 nos, tendo diminuído de 50,6% em 2003 para 41,5% em 2008, depois para 33,6% em 2013.

Já a parte externa da dívida caiu ainda mais sob os governos petistas. Quando Lula assumiu ela era de 13,3% do PIB. Quando ele passou o governo a Dilma, era negativa, de 9,9%. O Brasil havia liquidado a dívida externa e suas reservas cambiais haviam crescido como nunca, o que se refletiu na negativação deste indicador.

Segundo o estudo,  no período FHC, as três dívidas (total, interna e externa) cresceram igualmente. A Dívida Líquida Total cresceu 752% de 1995 a 2002; a DLI (somando estados e municípios) cresceu 988% e a Dívida Líquida Externa (DLE) cresceu 509%”.

“A gestão Dilma Rousseff foi, de longe, a que teve menor taxa de crescimento da Dívida Líquida Total: só 31%. A DLT não só foi reduzida em relação ao PIB, como diminuiu em termos reais. A inflação acumulada entre 2011 e 2015, medida pelo IPCA, chegou a 41%”, diz o estudo, acrescentando: “Entretanto, é importante observar que o comportamento da dívida durante a gestão Dilma pode ser dividido em dois períodos. Entre 2011 e 2013, a DLT teve aumento nominal de apenas 2%, o que significou enorme redução em termos reais e em relação ao PIB. A partir de 2014, como a economia entrou em violenta recessão, a DLT voltou a crescer em ritmo forte. Porém, considerando a totalidade do quinquênio da Presidente Dilma, a dívida federal diminuiu substancialmente, tanto em termos reais quanto em relação ao PIB.”

O autor tem explicação diferente da que é apresentada pelo governo para o crescimento da dívida total no final do governo Dilma. Como as exportações haviam voltado a crescer, o Banco Central tratou de enxugar a base monetária,  expandida pela conversão das divisas em moeda nacional, através da venda de títulos públicos. Para o governo atual, o que houve foi descontrole no gasto.

Um segundo fator são os juros. A ideia sobre a qual se sustenta a PEC 55 é a de evitar o déficit primário (receita menos despesas)  e o endividamento através do arrocho fiscal: nos próximos 20 anos o gasto não cresceria, não importando o crescimento da população, do PIB e da receita. Uma tabela demonstra que, apesar do superávit primário verificando a partir de  1997, quando ele é somado ao gasto com juros, encontra-se sempre um Resultado Nominal negativo, que foi, em média, de – 2,8%. O culpado por isso são os juros anormalmente altos praticados pelo Brasil, ao contrário do que ocorre na maioria dos países.

“Não há como negar que o Governo Central teve déficit primário em 2014 (0,4% do PIB) e em 2015 (2,0% do PIB). Os déficits fiscais contribuíram inegavelmente para o aumento da dívida federal. Mas a questão é que tais déficits foram eminentemente conjunturais (temporários, decorrentes da recessão) e não estruturais (relativos a um desajuste duradouro e de longo prazo). Eles não justificam a aprovação de uma PEC que arroche os gastos primários por vinte anos”, diz a nota técnica.

Na recessão, mostra ainda o estudo, a dívida sempre sobe. Assim foi no biênio recessivo de 1998-1999, quando ela teve um crescimento de 11,5 pontos percentuais. O mesmo ocorreu em 2009, único ano da gestão Lula em que o PIB esteve estagnado, e a relação dívida/PIB cresceu 4,6% em um ano. Com Dilma, não foi diferente no biênio recessivo 2014-2015, em que o crescimento da dívida  foi de 2,9%.

- Por conta de um problema conjuntural, querem aplicar um remédio que terá efeitos colaterais negativos nos próximos 20 anos – diz a senadora Gleisi.

O autor conclui:

“Não se pode negar a deterioração do resultado primário no último biênio do governo Dilma Rousseff. Tal resultado deve culminar com a geração de um déficit estimado em R$170 bilhões este ano, com aumento no endividamento federal pelo terceiro ano consecutivo. A Presidente Dilma cometeu erros de política fiscal, e pagou um preço desproporcionalmente alto por isto. Entretanto, consideramos uma falácia a afirmativa, na Exposição de Motivos da PEC do Teto dos Gastos Públicos, de que teria havido, nos anos recentes, um aumento sem precedente no endividamento federal.”

Ana Volpe

Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/264258/A-mentira-do-endividamento-explosivo-para-justificar-a-PEC-55.htm
 

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