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Cartinha para uma musa. Por Francisco Costa
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Cidadania
Thursday, 15 December 2016 02:09

Francisco_CostaDilma, bom dia.
A sua covarde deposição, resultado da aliança entre a elite brasileira e as forças multinacionais, exatamente as mesmas que fizeram o 1964, às quais você combateu, só nos trouxe uma coisa de boa: não temos mais que tratá-la por excelência e, como temos mais ou menos a mesma idade, julgo-me no direito de tratá-la por você, estreitando o companheirismo, a camaradagem.
Quanto à sua queda... A História registra o nome de Mandela, mas alguém sabe os nomes dos que o prenderam, os nomes dos seus carcereiros?
Radicalizando exemplos, não existem religiões conhecidas por Escariotismo, Barrabismo ou Pilatismo, mas Cristianismo sim, e assim sempre será, porque os aparentemente frágeis, os momentaneamente vítimas sempre se impõem sobre os seus miúdos algozes, que logram momentâneo sucesso porque em bandos, grupos, quadrilhas, ajudados por incautos, iludidos, alienados, descobrindo-se vítimas também, mas só depois.
Hoje é seu aniversário, 69 anos de uma vida íntegra, pautada nesse estranho jeito de ser, de habitar na passionalidade de assumir os próprios princípios, e lutar por eles, o que os fracos chamam de coragem.
Filha de classe média pobre, suburbana, você debutou em plena Jovem Guarda, comum e igual a todas as meninas da época, namorando ao som de Roberto Carlos. 
Chegou à Universidade, começando a destoar, numa época que ao pobre Universidade tinha conotação de religioso paraíso, algo improvável e distante.
Logo se viu opondo-se aos poderosos, não se limitando às passeatas e reuniões clandestinas, nos aparelhos da vida, indo às armas, como contemporânea Joana D’Arc ou Maria Bonita, tentando arrancar o que queria, enquanto todos aguardavam doação gratuita, sem luta.
Conheceu a masmorra, impiedosas sessões e seções de torturas, a mais degradante forma de tentar subtrair a humanidade de uma pessoa, reduzindo-a a robô, automático ser sem vontades e desejos, reduzida a nada, e superou.
Passado o pesadelo, você chegou a executiva, tendo contra si todos os preconceitos do mundo: mulher, de origem pobre, ex guerrilheira urbana... Superando-os.
Tudo muito pouco para o seu tamanho, para a sua dimensão de talhada para exemplo, e veio um ministério, e logo a presidência da república.
Mas tudo isso era pouco, era ainda necessária a tortura sem justificativas, a luta contra a autodestruição biológica, e veio o câncer, cidadela quase invencível, e você ardorosa amante das vitórias, o venceu também.
Agora está calada e quieta, não no silêncio de depois, mas no silêncio de quem aguarda, iludindo os que acreditam que derrotaram, como Tayguara, o compositor, que compondo “Eu resisto/Já existe essa manhã que eu perseguia”, referindo-se ao socialismo, gravou “Eu desisto/Não existe essa manhã que eu perseguia”, rindo-se dos que pressupõem-se inteligentes e vitoriosos, enquanto não caem.
Eu gostaria de lhe dar um presente hoje, mas ninguém tem como lhe dar um presente do tamanho dos presentes que você ganha todo dia, a cada vez que sai uma delação premiada e o seu nome não está; a cada vez que rimos dos apelidos que tentam esconder ladrões, publicados, e não a vemos apelidada; quando um delegado da Polícia Federal, da banda limpa, afirma “a gente não tem como investigar a mulher porque não há sequer indícios”.
Dilma, você caiu, segundo eles, pelo “conjunto da obra”, obra que eles estão destruindo, destruindo os beneficiários, que logo se darão conta, vendo-se obrigados, por legítima defesa, a colocá-la de novo no lugar de onde nunca deveria ter saído, no coração de todos, de todos aos quais você sempre serviu, desde a adolescência, determinada, fazendo da vida um servir.
Feliz aniversário, companheira, camarada. Vida longa, para que tenhamos a honra de partilhar o que é bom.
Esteja em paz, menina, executiva, guerrilheira, mãe, vovó, mulher.

Francisco Costa
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