O depoimento de Palocci e as notícias extremamente exageradas da morte de Lula. Por Kiko Nogueira |
Cidadania | |||
Friday, 08 September 2017 04:52 | |||
Ricardo Noblat, amigo de Temer, autor da fabulosa pergunta sobre como Michel conheceu Marcela num Roda Viva, decretou em sua coluna no Globo: “game over”. “Palocci finalmente cedeu às pressões dos seus advogados e contou o que sabe em depoimento a Moro”, diz Noblat. Eliane Cantanhêde se referiu a Palocci como “a bala de prata contra Lula”. Segundo ela, o ex-ministro “começa a falar verdades”. Para Merval Pereira, “acabou a brincadeira para Lula”. Ricardo Kotscho, por sua vez, pergunta: “Fim de linha para Lula e o PT? Palocci entrega tudo”. Quem precisa de Deus com jornalistas premiados com o dom da onisciência? Eles não apenas têm certeza de que Palocci não mente, mas de que Lula é um cadáver. Faltam as provas, para começar. Palocci mesmo admite que está abrindo o que nunca havia aberto porque quer os benefícios da colaboração premiada, ou seja, sair da prisão. Foi condenado a 12 anos. Paulo Francis um dia escreveu que o sujeito torturado entrega a mãe. Ninguém suporta. Palocci não precisou ir para o pau de arara. Pode até estar, sim, dizendo algumas verdades. Mas vai ter que caprichar mais do que relatar “pactos de sangue” que não presenciou, como o de Lula com Emílio Odebrecht em torno de uma bolada de 300 milhões de reais. O que chama mais atenção em sua conversa amigável com Moro, no entanto, é a postura subserviente, submissa, subjugada, humilhante, como a de um vira lata faminto tentando agradar a velha gorda que não gosta dele e que tem a ração. “Me desculpe falar assim, Sua Excelência”;“o senhor quer que eu continue?”; “estou aqui para ajudar o senhor”. Permaneceu o tempo todo com os olhos fixos em seu proprietário, inclusive quando interpelado pelo advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins. É um tribunal de exceção, uma aula do que não deve ser ou parecer a Justiça. Fica explícito que o acordo de Palocci só andou porque resolveu entregar Lula e “desmascarar” Dilma. “É assim que o senhor quer que que fique, chefe?”, era o subtexto da coisa. Nada sobre bancos, empresas de mídia, outras empreiteiras, outros políticos. Não vem ao caso. Quem morreu ali não foi o ex-presidente, mas o próprio Palocci e a noção de decoro do Judiciário. Um espetáculo imoral horrendo, o oposto do suicídio ritual do haraquiri, fundado na honra. O sujeito se deixou empalar. Quanto às notícias sobre a morte de Lula, tantas vezes decretada, continuam exageradas. Provavelmente ele será condenado na segunda instância — mas quando? Como ter tanta convicção de que o roteiro desenhado vai se cumprir? Quem poderia esperar no sucesso da caravana no Nordeste? É absurdo achar que mais pessoas não percebem o que está sendo feito. No momento de maior fragilidade da Lava Jato, autodesmoralizada por seus agentes, é preciso trazer Lula, Dilma e o PT para os holofotes novamente. Se esses lacaios fizessem jornalismo e não militância vagabunda, esperariam uma próxima pesquisa. Aposto 20 centavos como terão uma surpresa desagradável com o resultado. Quem morreu foi ele Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-depoimento-de-palocci-e-as-noticias-extremamente-exageradas-da-morte-de-lula-por-kiko-nogueira/
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