Onde está Milu Vilella no momento em que o MAM, que ela preside, é atacado por fascistas? Por Kiko Nogueira |
Cidadania | |||
Sunday, 01 October 2017 02:37 | |||
A assessora de imprensa da instituição conta que foi agredida com um soco e xingada de “pedófila”. O mesmo ocorreu com outros funcionários, obrigados a enfrentar em torno de 20 cidadãos de bem indignados. No dia 26, terça, Schwartz realizou a performance La Bête, em que se coloca nu no lugar de um dos “bichos” da artista carioca Lygia Clark. A ideia é ele ser manipulado pelo público. O vídeo de uma criança de 5 anos mexendo na mão e no pé de Schwartz viralizou. A mãe estava com ela. Não há nenhuma contextualização, nenhuma explicação do que se tratava. Os mesmos milicianos que censuraram a mostra do Santander apareceram com tacapes e tochas. O diretor do MAM, Felipe Chaimovich, se manifestou. A Associação Brasileira dos Críticos de Arte prestou seu apoio. A hashtag #somostodosmam está circulando. O Masp compartilhou imagens em solidariedade. Adriana Varejão e outros nomes importantes deram uma força. Mas uma ausência é gritante nesse drama: a de Milu Vilela. Herdeira do Itaú, uma das mulheres mais ricas do Brasil, Milu é presidente do MAM desde 1994. Numa lista de bilionários feita pela revista Forbes em 2011, aparece com uma fortuna estimada em 2 bilhões de dólares. Estava na estreia da mostra. Saiu nas colunas sociais. E se cala no momento mais crítico da história do museu. Não rebateu o prefeito de SP João Doria. Por quê? Nos anos 50, a presidente do MAM do Rio era Niomar Muniz Sodré, filha de Antônio Muniz Sodré de Aragão, advogado, jornalista e político baiano e casada com Paulo Bittencourt, dono do Correio da Manhã. Quando Bittencourt faleceu, ela assumiu o Correio. O jornal apoiou o golpe de 64, como toda a imprensa — mas logo em seguida passou a fazer dura oposição à ditadura. Em janeiro de 1969, Niomar teve seus direitos políticos cassados pelo AI-5, sendo presa juntamente com alguns de seus executivos. ![]() Na cadeia, a chique, rica e corajosa senhora recusou-se a usar o uniforme da penitenciária, alegando que era presa política, não comum. Nas semanas seguintes, fez greve de fome e sofreu uma tentativa de envenenamento por gás. Saiu depois de dois meses. Outros tempos, outras figuras. Não aprendemos com o passado. Não há mais Niomares e sobram fascistas de calção, apontando o dedo para tudo o que não entendem, projetando sua perversão, vencendo a parada. ![]() Niomar Muniz Sodré nas obras do MAM do RJ Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/onde-esta-milu-vilella-no-momento-em-que-o-mam-que-ela-preside-e-atacado-por-fascistas-por-kiko-nogueira/
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Last Updated on Sunday, 01 October 2017 02:42 |
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