A prisão de Lula pode desencadear uma guerra civil. Por Ribamar Fonseca |
Cidadania | |||
Thursday, 19 October 2017 06:15 | |||
Essa história dos recibos de aluguel de um apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, é o mais novo capítulo da perseguição, onde Sergio Moro parece muito mais advogado de acusação do que propriamente juiz. O magistrado de Curitiba, aliás, habituado a não ser contestado em suas ações – já são conhecidas suas crises de autoridade quando chega a gritar com os advogados de defesa do líder petista – não está preocupado com o que possam pensar do seu comportamento na condução do processo contra o ex-presidente operário. Até hoje intocável, com as costas quentes da Globo, ele segue ignorando alguns pleitos da defesa e tomando decisões criticadas por juristas, sem importar-se com as repercussões nas redes sociais, porque a mídia, que o transformou em celebridade, não divulga nada que possa prejudicar a sua imagem. Um dos magistrados que atuou na Operação Mãos Limpas, da Itália, onde Moro se inspirou para a criação da Operação Lava-Jato, Gherardo Colombo, disse que lá em seu país o juiz de Curitiba não faria o que faz aqui com Lula. Colombo, que veio ao Brasil participar em São Paulo do Fórum Estadão Mãos Limpas e Lava-Jato, disse, em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo", ter notado que "o juiz (Sérgio Moro) que fez a investigação contra Lula é o mesmo da sentença e isso me deixou um pouco surpreso porque na Itália isso não poderia acontecer." Acrescentou que lá o juiz que conduz a investigação não pode ser o mesmo que julga o processo, o qual também não pode emitir sozinho a sentença, que tem de ser emitida por um colegiado de três magistrados. Constata-se, assim, que enquanto na Itália um processo envolve cinco juízes diferentes, aqui apenas um, o juiz Moro, conduz tudo sozinho, de forma autocrática. Colombo disse, também, que no seu país as pessoas não podem ser presas para forçar delações premiadas. E concluiu afirmando que a Operação Mãos Limpas não reduziu a corrupção na Itália. Aqui no Brasil também parece que não será diferente. Apesar da fama que conquistou na caçada a corruptos, com a prisão de alguns empresários e políticos, percebe-se hoje que o objetivo da Lava-Jato não foi exatamente acabar com a corrupção no país, mas acabar com Lula. Inicialmente aplaudida pela população, que chegou a acreditar nos seus objetivos moralizadores, a Operação ao longo do tempo foi gradativamente mudando de rumo, evidenciando seu viés político e revelando o principal motivo da sua criação: a eliminação de Lula do cenário político, de modo a impedi-lo de voltar ao Palácio do Planalto. E tem se empenhado com unhas e dentes para alcançar esse objetivo, utilizando todos os artifícios possíveis e imagináveis na busca de algo que possa levar o ex-presidente operário à prisão e, consequentemente, retirá-lo do páreo sucessório presidencial. O recurso da defesa contra a sua condenação, por conta de um apartamento que não é dele, está prestes a ser julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, mas pouca gente acredita em sua absolvição, considerando os sinais emitidos pelo seu presidente e por um dos seus julgadores. O desembargador Gebran Neto, um dos três magistrados do TRF-4 que julgarão o recurso da defesa de Lula, além de amigo estreito de Moro, é reconhecido anti-petista. Ele nunca votou contrariamente a uma decisão do amigo de Curitiba. E recentemente concedeu entrevista à revista "Época", do grupo Globo, na qual afirma, entre outras coisas, que julgará com isenção o recurso do ex-presidente operário. Ninguém acredita. Na verdade, a sua entrevista, justo a um veículo da Globo, foi interpretada como um mau sinal quanto à próxima decisão daquela Corte. Há quem veja na entrevista do desembargador Gebran Neto uma tentativa dos Marinho de criar um clima de imparcialidade para o julgamento, de modo a que não paire qualquer dúvida sobre a "isenção" do seu voto. E será, justo nesse julgamento, que os perseguidores de Lula, que manipulam tudo das sombras, pretendem lhe dar o xeque-mate. Os adversários do ex-presidente operário já apostam na sua prisão, indispensável para torná-lo inelegível em 2018. Vale a pena, porém, lembrar a advertência do maior líder popular deste país: "Experimentem impedir a minha candidatura! Vamos ver o que acontece". Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/pt/colunistas/ribamarfonseca/322894/A-pris%C3%A3o-de-Lula-pode-desencadear-uma-guerra-civil.htm
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