Vamos ser sinceros?, por Wilson Ramos Filho |
Cidadania | |||
Friday, 31 August 2018 05:35 | |||
Qualquer outra formulação cabotina será lida no futuro como traição aos operários e camponeses. Certo, tem a questão da cláusula de barreira. É compreensível que o PSOL e o PCdoB lutem por obter 1,5% dos votos nas eleições proporcionais para não desaparecerem. Até em razão disso a candidatura do Boulos é coerente. Mas não faz sentido deixarem de votar nos candidatos de esquerda ao Senado que são eleitoralmente viáveis. A questão, além de ideológica, se apresenta como imperativo do bom-senso. Para que tenhamos novamente políticas públicas voltadas aos setores mais vulneráveis a única alternativa é a esquerda voltar ao poder. Não existe outra para quem se considere socialista. Mesmo para a pequena-burguesia a volta da esquerda ao governo interessa. Para esta quase-classe que sofre com o capitalismo e pensa como pensam as classes exploradoras a volta das políticas públicas e da distribuição de renda é a saída. Os índices nas pesquisas demonstram que o arrependimento é crescente. Para os que vivem do pequeno comércio, da pequena indústria e da prestação de serviços a única alternativa é a distribuição de renda, que aquece as vendas, que amplia o mercado interno. Depois do golpe suas vendas despencaram, seus negócios derreteram. Só por extrema imbecilidade haveriam de discordar desta evidência fática. Para a parcela da pequena-burguesia que vive de vencimentos ou bolsas de estudo, para o funcionalismo público em geral, parece óbvia a necessidade de revogação de todos os congelamentos impostos pelos golpistas aos orçamentos públicos. Ou seja, pelos motivos errados, não interessa ao funcionalismo público nenhuma das demais candidaturas à presidência da república. Só por masoquismo, ou por estultice, deixariam de votar no candidato do PT a presidente, e em candidatos de esquerda eleitoralmente viáveis ao Senado. A reconstrução da democracia precisa de uma “bancada Lula” para desfazer todas as maldades que decorreram do Golpe e para avançar na reconstrução do Direito do Trabalho e do Estado Social em nosso país. Viveremos nos próximos 37 dias a luta-de-classes em toda a sua exuberância. As classes exploradoras tentarão eleger um Congresso Nacional ainda pior que o atual, mais venal, mais corrupto, mais fundamentalista e mais reacionário. Os camponeses, o operários, a parcela lúcida da pequena-burguesia (funcionalismo e empreendedores em pequenos negócios), de outra parte, lutarão para eleger uma bancada de senadores de esquerda e uma expressiva maioria de deputados federais e estaduais, desenvolvimentista ou socialista, que nos permita a esperança de ser feliz de novo. Esta minha fase “Xixo Sincero” me impede de tergiversar. Quem se fizer de bobo e não se posicionar abertamente nesta etapa eleitoral da luta-de-classes será cobrado pela história. Wilson Ramos Filho é Doutor em Direito, presidente do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora. Artigo publicado originalmente em https://jornalggn.com.br/noticia/vamos-ser-sinceros-por-wilson-ramos-filho
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