A guerra cibernética contra Haddad e Manuela. Por Jeferson Miola |
Cidadania | |||
Wednesday, 17 October 2018 07:07 | |||
Além de completos desconhecidos eleitos para o Congresso e de outros candidatos exóticos liderando o segundo turno para governos estaduais, elegeu-se deputado federal até um candidato youtuber que reside há 4 anos em Miami/EUA! Esse fenômeno, que decididamente está longe de representar um processo democrático e soberano de deliberação pública para a representação política, está atrelado à onda nazi-bolsonarista que ocupou a cena nacional. É amplamente aceita a tese de manipulação de processos políticos através das mídias digitais e das redes sociais para causar caos, fragmentar e dividir as sociedades, fraturar o tecido social e criar um ambiente favorável à consecução de políticas ultraliberais e racistas. Os experimentos mais notáveis até agora conhecidos são a primavera árabe, as “jornadas de junho” no Brasil, o referendo do acordo de paz na Colômbia, o Brexit no Reino Unido, a eleição do Trump e as campanhas da extrema direita em vários países europeus. As tecnologias utilizadas para a manipulação e produção de fraudes aproveitam os altos conhecimentos e a inteligência militar que são empregadas nas guerras modernas, ou seja, as guerras que têm como palco de combate o território da internet – a chamada guerra híbrida, que mescla o uso de armas convencionais com elementos da ciberguerra. Os atores principais da guerra híbrida são a empresa Cambridge Analytica, que roubou dados e informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do facebook com esta finalidade; e um sujeito conhecido pela difusão global de idéias nazi-fascistas e do ideário ultraliberal, Steve Bannon [ver vídeo aqui], com quem o filho do Bolsonaro manteve entendimentos em Nova Iorque em agosto passado, quando declarou que “concluímos [Eduardo B. e Steve B.] ter a mesma visão de mundo. Ele afirmou ser entusiasta da campanha de Bolsonaro e certamente estamos em contato p/ somar forças, principalmente contra marxismo cultural”. O nazi-bolsonarismo que substituiu o PSDB no posto do antipetismo se viabilizou eleitoralmente promovendo a guerra híbrida e empregando as ferramentas mais sujas do combate que é travado no subterrâneo das mídias digitais e das redes sociais. A logística [as “tropas” virtuais, robôs e equipamentos] da campanha do Bolsonaro para promover a manipulação e a fraude da soberania popular está instalada tanto no Brasil como em território estrangeiro. A operação se desenvolve da seguinte maneira:
O aumento virtual da rejeição do Haddad decorre desta carga brutal de ataque. Bolsonaro não se preocupa em apresentar propostas e tampouco em fazer campanha de rua, conceder entrevistas ou participar de debates, mas simplesmente se dedica a desconstruir e atacar Haddad e Manuela com métodos sujos e linguagens ultrajantes. Mesmo dentro de casa e fugindo de debates escudado em duvidosa restrição de saúde, ele continua com alto desempenho nas pesquisas porque está vencendo a ciberguerra ficando estacionado na frente de computadores e smartphones e trabalhando pela rejeição do Haddad. O método é idêntico ao usado pelo Trump contra Hilary em 2016. Como não tinha mensagens positivas e programa a transmitir, Trump criava mentiras, falava barbaridades, agredia e, sobretudo, atacava a oponente. Isso causou, por exemplo, a menor taxa de comparecimento de negros em eleições na história dos EUA, público tradicionalmente contra o Partido Republicano e que vota no Partido Democrata na proporção de 9 entre 10 eleitores, mas foi desestimulado a comparecer na eleição e se absteve. Hackers brasileiros e estrangeiros têm feito um trabalho exaustivo e exitoso para desvendar os meandros dessa ciberguerra que atenta contra a segurança nacional e a democracia. Eles identificaram, por exemplo, os telefones +1(857) 244-0746, de Massachusetts, e +351 963530 310, de Portugal, que administram mais de 70 grupos da campanha do Bolsonaro; e o número +1 (747) 207-0098, da Califórnia, que administra mais de 100 grupos de WA. Haddad disse ao jornal Valor de hoje que “se você desligar o whatsapp por 5 dias, o Bolsonaro some”. Ele tem razão, essa é a mais pura verdade; e é exatamente isso que deve e pode ser feito com a máxima urgência para assegurar a lisura da eleição e deter a escalada nazi-fascista no Brasil. Algumas medidas, neste sentido, poderiam ser consideradas, como por exemplo: 1.a denúncia ao TSE dos grupos de WA com respectivos números de telefones e conteúdos criminosos, para que o tribunal [1] identifique titularidades das linhas telefônicas e autoria dos crimes, [2] exija da campanha do Bolsonaro comprovação dos pagamentos ou investigue o pagamento oculto das linhas e robôs, [3] comunique aos países-sede dos robôs e linhas telefônicas o fato e solicite a imediata desativação de tais logísticas;
A eleição no Brasil está sob ataque; a campanha do Haddad é alvo de uma perigosa guerra cibernética. É preciso urgência no combate à ciberguerra que o bolsonarismo e a classe dominante promovem contra a soberania popular e o Estado de Direito para instalar um regime que não seria somente de terror político, social e cultural, mas também de terror econômico. ![]() Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/pt/colunistas/jefersonmiola/372332/A-guerra-cibern%C3%A9tica-contra-Haddad-e-Manuela.htm
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Last Updated on Thursday, 18 October 2018 05:02 |
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