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Os 50 anos da Frente Ampla, Haddad e os dilemas do frentismo. Por Moisés Mendes
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Cidadania
Saturday, 06 February 2021 05:58

moises-mendes"Uma frente aqui, que não mais enfrentaria a direita, mas agora também a extrema direita, seria tão ampla como acabou sendo a uruguaia? As esquerdas brasileiras, traídas pela coalizão que levou ao golpe de agosto de 2016, podem fazer novas tentativas de convergência com um centro que aqui sempre pende para a direita?", questiona Moisés Mendes

Os uruguaios comemoram hoje os 50 anos da criação da Frente Ampla, queconsagrou Pepe Mujica e Tabaré Vázquez. Mas a Frente, ao contrário do que muita gente pensa, não nasce como um projeto apenas da militância e dos partidos de esquerda.

Nem Tabaré e tampouco Mujica são suas primeiras estrelas. O jornalista
Gabriel Delacoste destaca uma figura, na capa da versão online de hoje
do semanário Brecha, de Montevideú.

É o senador Zelmar Michelini, com origens no Partido Colorado,
assassinado em maio de 1976 por ordem dos ditadores uruguaios em
conluio com a ditadura argentina.

Zelmar era vigiado e perseguido pelos militares porque mantinha
conversas com os tupamaros. Refugiou-se na Argentina e foi assassinado
aos 52 anos, dentro de um carro em Buenos Aires.

Ao lado dele estavam os corpos do deputado blanco Gutiérrez Ruiz
(ex-presidente da Câmara dos Deputados) e dos tupamaros Rosário
Barredo e William Whitelaw.

Todos tinham marcas de tiros, uma tentativa dos assassinos de simular
uma execução na rua. A verdade é que os quatro haviam sido mortos por
torturadores e depois metralhados.

Nunca descobriram os criminosos. O jornalista Zelmar era o que poderia
ser considerado um social-democrata. Não era esquerdista, nem
socialista, mas um democrata que se afasta de um partido de uma
centro-esquerda moderada e muitas vezes envergonhada, para tentar
aglutinar forças contra a ditadura.

Também não era militante de esquerda o general Líber Seregni,
considerado o patrono da Frente Ampla, que a ditadura manteve
encarcerado de 1973 a 1984. Seregni foi por duas vezes candidato da
Frente à presidência do Uruguai.

Quando a Frente Ampla finalmente elegeu seu primeiro presidente,
Tabaré Vázquez, em 2004, Seregni havia morrido três meses antes, já
desgastado com setores à esquerda da Frente.

A FA surge com ambições fortes, formalizadas em compromissos do
estatuto, como a reforma agrária e a nacionalização dos bancos. Com o
tempo, acolheu setores de centro da política uruguaia, Tabaré adotou
atitudes liberais no governo e Pepe Mujica, exausto de tantos conflitos, passou a pregar a moderação.

Em outubro do ano passado, Mujica renunciou ao mandato de senador, e
Tabaré morreu em dezembro. A Frente Ampla busca uma reinvenção, depois de ser derrotada pela direita do blanco Luis Alberto Laccalle Pou no ano passado. Mas foram 15 anos no poder.

O meio século da Frente uruguaia pode nos inspirar sobre as saídas
para o Brasil, com todas as diferenças entre os dois países,
principalmente de tamanho e relevância internacional, diante do dilema
de um provável frentismo sempre sem rosto e sem forma que nos desafia.

Uma frente aqui, que não mais enfrentaria a direita, mas agora também
a extrema direita, seria tão ampla como acabou sendo a uruguaia?

As esquerdas brasileiras, traídas pela coalizão que levou ao golpe de
agosto de 2016, podem fazer novas tentativas de convergência com um
centro que aqui sempre pende para a direita?

Eis as questões que Fernando Haddad, já lançado pré-candidato do PT,
deve considerar, não só em conversas de pequenos comitês, mas com
reflexões em voz alta.

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

Artigo publicado em

https://www.brasil247.com/blog/os-50-anos-da-frente-ampla-haddad-e-os-dilemas-do-frentismo

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