Quanto custou o silêncio da história de FHC e Miriam Dutra? Por Kiko Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Thursday, 18 February 2016 00:04 | |||
Mirian diz que ficou 35 anos na Globo, os últimos 18 congelada no exterior. Segundo ela, nunca conseguiu trabalhar nesse último período — e o que produziu antes disso desapareceu dos arquivos da emissora. Sua aparição tem sido uma saraivada de diretos no fígado do ex-namorado. Aos 84, dono de uma vaidade que nunca fez questão de esconder, o ex-presidente vê sua imagem desmoronar. Não tanto pelo drama do romance em si, mas pelo grau de manipulação de FHC, que usou toda a companheirada da mídia e da política para limpar o terreno para seu projeto de poder. Quanto custou esse “apoio”? Quanto ele deu de retorno à Editora Abril pela nota na Veja dizendo que o filho com Mírian era de um biólogo? Quanto custou em publicidade oficial a fraude perpetrada em conluio com o ex-diretor de redação Mario Sergio Conti (o mesmo que em 2014 entrevistaria um sósia de Felipão achando que se tratava do original)? Depois da Brazil com Z, Mirian voltou à carga na Folha, hoje, em entrevista a Natuza Nery. Em 1994, lembra que tentou retornar ao Brasil, mas “não permitiram”. Quem não permitiu? Antonio Carlos Magalhães, então senador, e seu filho Luís Eduardo, declara. “Diziam para ficar longe. Diziam ‘deixa a gente resolver essas coisas aqui’. Aí eu pensei e achei que, para os meus filhos, era melhor eu ficar, pois eles seriam muito perseguidos no Brasil.” “Eu tinha que ter metido a boca no trombone no começo. Eles não aceitaram porque estavam em plena história da reeleição. Isso foi quando Fernando Henrique estava tentando mudar a Constituição”. Continua: “É uma coisa estranha porque eu lembro que quando Sarney quis ficar cinco anos, ele estava na minha casa jantando e deu um baile: ‘como este homem pode ficar cinco anos? O poder tem que ser quatro anos, e renovável’. E aí tem uma história muito cabeluda nisso tudo, que ele, por meio de uma empresa, mandava um dinheiro para mim.” Ela diz que tem esses “contratos”. “Tudo guardado aqui. É muito sério. Por que ninguém nunca investigou isso? Por que ninguém nunca investigou as contas que o Fernando Henrique tem aqui fora?”, pergunta. “Claro que ele tem contas. Como ele deu, em 2015, um apartamento de € 200 mil para o filho que ele agora diz que não é dele? Ele deu um apartamento para o Tomás”. Mais: “Eles fizeram contrato comigo como se eu fosse funcionária deles [da empresa], só que eles nunca me permitiram trabalhar e aí eu ganhava.” O episódio é uma aula para entender como um clube protege seus sócios. FHC e congêneres estão na cota de intocáveis, evidentemente que por um preço. Em alguns casos, o prazo de validade acaba. À Brazil com Z, Mírian falou ainda que tem “cartas”. O acordo de Fernando Henrique com seus amigos expirou. Mírian, ao que tudo indica, não vai ficar calada. O medo de alguém manda-la dormir com os peixes — como os mafiosos fizeram com Luca Brasi em “O Poderoso Chefão” — passou. Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quanto-custou-o-silencio-da-historia-de-fhc-com-mirian-dutra-por-kiko-nogueira/
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Last Updated on Thursday, 18 February 2016 00:38 |
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