O ataque aos direitos dos trabalhadores será rápido e feroz, Por Fernando Brito |
Dando o que Falar | |||
Monday, 02 May 2016 04:57 | |||
Muito bom, muito bonito. Mas veja, na matéria, que ele elenca e especifica o que não está em risco: a carteira assinada, as férias e o 13º salário. Ponto. Para aí a lista. Ora, Moreira, estes nem a ditadura militar de 1964 colocou em risco e nem por isso não foi um período de saque devastador sobre a classe trabalhadora. Lembra aquela piada do sujeito que estava tendo um caso homossexual e, interpelado pela esposa, jurou: meu bem, eu não toco em nenhuma outra mulher! Ninguém poderia dizer que ele estava mentindo, não é? Dizer que não estão em discussão direitos de mais de meio século é uma forma de dizer que estão na berlinda todos os outros. Como aliás, já foram exigirr a temer a própria Fiesp e a CNI. A ofensiva será feroz. Vai abarcar logo de cara coisas como a multa do FGTS, o seguro desemprego – hoje uma das mais pesadas fontes de gastos do Tesouro, as normas de segurança no trabalho – que demandam despesas e limites severos para as empresas e a “flexibilização” da condição de menor-aprendiz, permitindo que se finja que existe formação profissional enquanto eles trabalham no chão-de-fábrica como trabalhadores sub-remunerados e com menos encargos. Em um ano no Ministério do Trabalho, foram estas as pressões que vi, continuamente, às quais se resistiu-se a duras penas. Estas e mais – nisso Moreira Franco tem razão – as tentativas de suprimir um bendito dogma da CLT, o que não pode haver acordo que renuncie a direitos previstos na lei. E, nisto, não posso dizer que Moreira mente – Moreira não mentir é um momento raro, que devemos sempre registrar – quando diz que setores da CUT -os maiores e mais poderosos sindicatos, defendiam “a prevalência do negociado pelo legislado”. Pode funcionar muito bem para categorias organizadas e fortes, que podem fazer acordo onde pequenas concessões impliquem ganhos maiores, mas é uma devastação para trabalhadores dispersos, desorganizados – por várias razões e nem sempre por não serem combativos, mas serem poucos em cada local de trabalho e por terem baixo nível de especialização. Ou seja, arrisco dizer, para a maioria dos trabalhadores. Sei que as propostas feitas então -baseadas num sistema alemão, onde não há escravos, como aqui – tinha mecanismos de salvaguarda para prevenir isso. Besteira. Se penetrar na muralha da CLT, o patronato começará a destruí-la por dentro, pedaço por pedaço, até que não sobrem seque as três conquistas que Moreira, generosamente, diz que não serão tocadas: a carteira assinada, as férias e o 13º salário. Estão garantidas. Mas por enquanto apenas, porque logo aparecerá quem diga que o trabalho é uma relação livre entre particulares, onde se ganha pelo que efetivamente se produz e que o mês, afinal, só tem 12 meses. Publicado originalmente em http://www.tijolaco.com.br/blog/verdade-usada-para-mentir/
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