Já não há nada que o STF possa fazer para apagar seu papel sinistro no golpe. Por Paulo Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Thursday, 05 May 2016 02:02 | |||
Graças aos eminentes juízes, Eduardo Cunha teve tempo suficiente para comandar um processo sujo ao fim do qual 54 milhões de votos serão roubados dos brasileiros e uma democracia frágil será interrompida. Nem como marketing serve este julgamento porque se reforça a suspeita de que a plutocracia deseja agora se livrar de Cunha para que não fique tão escancarada a farsa do impeachment. Não é sequer o pedido de Janot que será analisado, ele que jaz na desde meados de dezembro passado na gaveta do ministro Teori, o gatilho mais lento do universo. É um pedido da Rede. E o ponto é este: caso Dilma seja mesmo impedida, o Brasil pode se submeter ao vexame inédito de ter na presidência um réu do Supremo? Isso porque, como presidente da Câmara, Cunha seria o segundo de Temer. Ora, ora, ora. Só agora os eminentes ministros do STF atentaram para este detalhe sinistro? Desde que Cunha, por vingança, aceitou o pedido de impeachment, era uma possibilidade fortíssima. Primeiro porque Cunha domina o Congresso, e então era previsível que ele fizesse que o sim fosse aprovado. Isto feito, seria ele, Cunha, o segundo do governo Temer. Qual a surpresa? Os juízes estavam tão ocupados em julgar coisas como pipoca no cinema e declamar asneiras em latim comointerna corporis que não tiveram tempo para pensar na hipótese de um criminoso virar presidente? Foi preciso que um partido, a Rede, alertasse o STF sobre o fato de que é inconstitucional um ladrão colocar a faixa presidencial ainda que por horas ou dias? O Supremo de 1964 abençoou o golpe militar. O Supremo de 2016 fez, na prática, o mesmo. É tarde demais para alterar essa doída realidade. Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/ja-nao-ha-nada-que-o-stf-possa-fazer-que-apague-seu-papel-sinistro-no-golpe-por-paulo-nogueira/
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