As duas histórias do Almirante Othon, por J. Carlos de Assis |
Dando o que Falar | |||
Friday, 05 August 2016 13:45 | |||
A outra história é a seguinte. O Brasil, país ainda em desenvolvimento, se meteu, à revelia e contra as imposições dos Estados Unidos, a desenvolver um programa nuclear de primeiro mundo do qual resultou uma tecnologia de ponta em centrífugas para gerar urânio enriquecido, um produto nuclear ultrasensível. Para o comando dessa tarefa designou o Almirante Othon, por sua notória especialização na área. Ele saiu-se maravilhosamente bem. Os americanos, através da Agência Internacional de Energia Atômica, quiseram bisbilhotar as centrífugas já que, com todo o potencial científico que tem, dispõem de uma tecnologia de enriquecimento menos eficiente. O Brasil recusou-se a abrir a exibir a tecnologia das centrífugas e os norte-americanos, pacientes como são, decidiram ficar de tocaia. Com os recursos do seu poderoso sistema de informação, a espionagem norte-americana, que há muito vinha seguindo, sem sucesso, a trilha do Almirante Othon no mercado negro de peças e equipamentos da indústria nuclear, necessários para o desenvolvimento do programa nuclear brasileiro, obviamente só possíveis de serem compradas com caixa 2,encontrou no Judiciário do país um sócio perfeito para revelá-la. De fato, a Lava Jato não tem nada a ver com Angra 3, e a extensão das investigações a esta última só foi possível porque informações paralelas de Curitiba foram vazadas para ela. E, claro, tudo isso tinha uma rede básica de informação a partir da espionagem norte-americana: os “amiguinhos” do juiz Sérgio Moro, que frequentemente o cumulam de honrarias. Qual desses dois roteiros é mais plausível? Esse último, conforme os italianos, si non é vero é bene trovatto! Pessoalmente, rejeito a primeira hipótese, a de corrupção. Não se encaixa na biografia do Almirante. E estou convencido de que, caso o Almirante tenha pedido “propina” às empresas construtoras de Angra 3, seu objetivo era formar com esse dinheiro um caixa 2 para comprar para as centrífugas equipamentos nucleares no mercado negro, já que os países monopolistas da tecnologia nuclear não os vendem de forma regular. Claro que o Almirante não poderia dizer isso aos empresários que estava fazendo um caixa 2 para ajudar o Brasil a desenvolver a tecnologia nuclear. Estaria revelando um segredo de Estado. E não pode revelar também para o juiz porque não se revela esse tipo de segredo a ninguém inconfiável. O lado ainda inexplicável dessa história é o papel desempenhado pela Marinha e as outras Forças Armadas. Elas deveriam ter levantado imediatamente a bandeira do segredo militar quando o Almirante foi preso pela primeira vez. A conclusão é que ou estão todos comprometidos com segurança para os norte-americanos, ou são desatentos com a Defesa brasileira. A propósito, o contra-golpe na Turquia, que interpretei corretamente aqui antes que qualquer outro comentarista, revelou a estreita cumplicidade do sistema judiciário turco com a CIA e o Pentágono. Não sei se é também nosso caso. Entretanto, os caminhos perseguidos pela Lava Jato e pelo processo de Angra, com a agressividade da condenação dos que não fazem delação premiada (ou revelam segredos de Estado), nos deixam em profunda suspeição. P.S. Um criminoso de guerra a serviço dos nazistas, Werner Von Braun, recebeu total cobertura do governo norte-americano para escapar da Alemanha e da forca, nos últimos dias da guerra, pelo simples fato de ser um cientistas de primeira linha e não obstante milhares de vítimas de suas V1 e V2 lançadas sobre Londres. Nos EUA, chefiou o programa de mísseis que, na parte civil, levou o homem à lua. Tornou-se herói nacional. É assim que os EUA fazem com os homens de ciência que servem ao interesse nacional. Aqui, recompensam-nos com 43 anos de prisão! J. Carlos de Assis - Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ. Artigo publicado em http://jornalggn.com.br/noticia/as-duas-historias-do-almirante-othon-por-j-carlos-de-assis
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