O golpe saiu pela culatra, Por Arnaldo César (*) |
Dando o que Falar | |||
Wednesday, 07 September 2016 07:58 | |||
Como sempre fez quando governou o País, também tratou do seu partido, o PSDB, com distanciamento obsequioso, como se nada tivesse a ver com ele. O travo deve-se às entrelinhas embutidas no sermão dominical. Pendular como um trapezista mambembe, deixou transparecer que não está satisfeito com os rumos que o governo golpista vem tomando, nas últimas semanas. Aliás, o seu “enfant gâté”, Aécio Neves, no mesmo veículo e na mesma edição, também vocalizou o desentendimento com os parceirinhos do PMDB, adotando mais contundência e menos platitude.
Com eles esse papo de “verdadeira reconstrução” não cola. A federação de partidos em que o PMDB sempre foi – depois da morte de Ulysses Guimarães – só pensa nos interesses paroquiais de seus integrantes. Está aí, o “ínclito” Eduardo Cunha que não nos deixa mentir.
Os ideólogos do PSDB também engendram que catapultando Dilma, agora, meteriam a mão na máquina do governo, em tempo, para alavancar o retorno deles ao poder em 2018. Sabem que num novo embate nas urnas com o PT serão fragorosamente derrotados. Sem fisiologismo as urnas tendem a ser adversas. A coisa está difícil para todo mundo. O próprio “Príncipe” admitiu isso no seu texto. Já no último parágrafo alertou que se o tal diálogo não hegemônico não ocorrer: “novamente a insatisfação popular se manifestará nas ruas”. Enquanto não passar por uma ampla e profunda reforma, a política brasileira continuará se norteando pela lógica de que o eleitorado sempre apostou nos candidatos majoritários para exercer o poder executivo e mandou-os buscar a governabilidade, negociando com as trinta e tantas outras agremiações. Está aí a razão das famigeradas alianças espúrias e oportunistas no País afora. Embora tenha feito tratativas com o que há de mais esdrúxulo na política nacional, FHC, hoje, condena tal prática. Considera isso: “atraso”. O impeachment meia bomba de Dilma, fruto da irresponsabilidade e do oportunismo da Câmara Federal, empurrou o País para uma situação de conflagração. Não serão acordos de cavalheiros entre o PT, PDSB e demais partidos de centro que irão nos tirar desta encruzilhada. Os brasileiros estão enfarados de tanto nhenhenhém.
(*) Arnaldo César é jornalista Artigo publicado originalmente em http://www.marceloauler.com.br/o-golpe-saiu-pela-culatra/
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