Teori inclui Lula nas investigações da Lava Jato, num processo em que a forma prenuncia o resultado. Por Fernando Brito |
Dando o que Falar | |||
Friday, 07 October 2016 07:50 | |||
O que leva a investigar pessoas, mais do que fatos. Daí para o “domínio do fato” é um pulo, porque a lógica é que há uma organização criminosa e não apenas pessoas praticando crimes, sós ou em associação permanente com outras. Aliás, núcleos, por definição, pedem um centro… Curioso é que esta lógica não é seguida – e não deve mesmo ser – em outros casos. Rouba-se no Metrô de São Paulo. Rouba-se na Fepasa. Rouba-se na Cesp. Rouba-se em outras estatais paulistas. Logo, segundo esta lógica, há um núcleo roubando. E um núcleo, claro, deve ter um centro. Mas não é assim que se faz. Não se tem notícias de que o governador e o ex-governador estejam sendo investigados, porque são tratados como eventos separados. Não vale o argumento de que todos os dirigentes destas empresas foram e são nomeados por eles. E é correto, enquanto não se tem indícios fortes de que eles ordenaram ou participaram dos atos de corrupção. Agora, não: há um objetivo no qual tudo vai sendo encaixado. “Dá-se um jeito de caber”, como ironiza o ex-procurador Eugenio Aragão. Em lugar da culpa, deve-se provar – e cabalmente – a inocência, mesmo que não se possa provar intenções. Se Lula não for condenado por navio-sonda, será por pedalinho; se não puder ser por refinaria, será por apartamento; se não “colar” o gasoduto, serve o sítio, se não tiver propina, servem os caixotes do acervo presidencial, segundo o MP guardados num galpão pago com propinas pagas por obras bilionárias de duas refinarias, que ridículo… Os ministros do Supremo Tribunal Federal – e ação ou omissão, no caso deles no es lo mismo, pero es igual – já decidiram, tanto quanto o Procurador Geral, que se lhes exige condenar Lula e, provavelmente, Dilma. Os dois que, aliás, indicaram a quase todos eles para os cargos que ocupam. Talvez, quem sabe, seja uma “autocrítica”.
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