Agora a Globo está usando até novela em seu jornalismo de guerra. Por Paulo Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Tuesday, 01 November 2016 13:39 | |||
Mas, até aqui, sempre com finalidades comerciais. Os personagens bebem cerveja, por exemplo, como se isso fizesse parte da trama. Ou entram num carro cuja marca está muito bem colocada, à vista do espectador. Nada é ao acaso.Tudo é feito para vender. A tabela comercial nos merchans, como são informalmente conhecidos, é mais alta que a publicidade convencional. Pois agora a Globo deu um novo passo em seu merchan: conteúdo ideológico. Vi isso num texto de André Pasti, na Carta Capital. Foi um capítulo recente de A Lei do Amor. Um jornalista investigativo se vê ameaçado pela regulamentação da mídia. É uma coisa ruim que põe em risco a liberdade de expressão. Como notou o autor do artigo, o paradoxo é que ao mesmo tempo que abre fogo contraa regulamentação em seu entretenimento, a Globo não trata do assunto editorialmente em nenhuma de suas mídias. O nome do jornalista é Elio, provavelmente uma duvidosa honraria para o Elio verdadeiro, o Gaspari, colunista do Globo e da Folha. É um fato novo e relevante na história da imprensa, e surpreende que, fora a Carta, ninguém tenha tocado no assunto. Provavelmente o merchan político esteja em experimento na Globo. À moda da casa: longe das holofotes, sob completa discrição. Mas e se pega? Você imagina o que os personagens das novelas poderiam dizer sobre Lula, o PT e os culpados de sempre? O merchan é mais caro, para o anunciante, porque muita gente não se dá conta de que é publicidade. É feito para ludibriar, para enganar. Para você achar que aquele ator ou atriz acendeu um cigarro porque isso faz parte do enredo, e não porque um fabricante tenha enchido a Globo de dinheiro. O alerta foi dado pela Carta, e os riscos não são pequenos. É a Globo aprimorando seu jornalismo de guerra. O jornalista da novela Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/agora-a-globo-esta-usando-ate-novela-em-seu-jornalismo-de-guerra-por-paulo-nogueira/
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