Açular o ódio é o caminho do fascismo. Por Fernando Brito |
Dando o que Falar | |||
Saturday, 19 November 2016 16:55 | |||
Mas merecem como cidadãos e seres humanos. Nenhum dos dois está condenado. São presos provisórios, em tese para a garantia do processo judicial. Como, em tese, pode ser libertados a qualquer momento por um habeas corpus. Mas estão sendo escandalosamente utilizados como carne para açular a matilha em que desejam que se transforme a sociedade brasileira. Mais cedo, coloca-se a circular nas redes sociais um vídeo onde Garotinho resiste a ordem de transferência para a penitenciária do leito hospitalar de onde se encontrava. Tirar alguém de um hospital, ao que eu saiba, é decisão de médico, não de juiz. Agora, Sérgio Cabral, anuncia-se, foi obrigado a raspar a cabeça. Uma regra absurda adotada, aliás, no seu próprio Governo (2014), contestada pela Defensoria Pública, com razão, como ofensiva à dignidade do preso. Aprendi com mãe e avó a não dizer “bem-feito” à injustiça com o injusto. Orgulho-me de ter feito parte do governo de Leonel Brizola, que comeu o pão que o diabo amassou por ter proibido o “pé na porta” dos barracos sem mandato e o puxão pelos cabelos para que presos fossem fotografados pela imprensa sedenta. Estamos transformando a vida brasileira – e os direitos das pessoas – num espetáculo de baixarias como estes programas de TV do tipo “mundo-cão”. E isso sob as ordem de homens, em tese, de alto conhecimento de leis e direitos. Todos com graduações, mestrados, doutorados e – isso os diviniza? – concursados. As responsabilidades, amanhã, quando tivermos espancamentos, linchamentos, até mortes, será de quem? Houve um tempo em que a Justiça era ponderada, discreta, moderada em decisões e atos. Agora, vivemos a era do espalhafato, da humilhação, do salve-se quem puder espalhando culpas a torto e a direito. Artigo publicado originalmente em http://www.tijolaco.com.br/blog/acular-o-odio-e-o-caminho-do-fascismo/
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