Investida sobre o Legislativo e eleição da Mesa da Câmara. Por Haroldo Lima |
Dando o que Falar | |||
Tuesday, 24 January 2017 07:21 | |||
1) A primeira questão decorre de uma investida jurídica sobre o Legislativo. Um juiz de Brasília, através de uma liminar, tenta intervir na organização interna de uma eleição de um dos Poderes da República, desconsiderando que a Constituição diz que "compete privativamente à Em 25 de novembro de 2015, o senador Delcídio do Amaral, que teve conversas absurdas gravadas, foi preso por ordem do ministro Teori A 21 de outubro de 2016, um juiz de primeira instância autorizou o cerco e a invasão do Congresso por viaturas e pela Polícia Federal, para prender funcionários da Polícia Legislativa. O presidente do Senado, Renan Calheiros, reagiu à altura e até chamou de "juizeco" o juiz. Tudo isto mostra que o Legislativo, para não ser reduzido a um subPoder, monitorado pelo Judiciário, e até por juízes de primeira instância, deve defender com força suas prerrogativas e enfrentar com decisão as ameaças. O juiz que quer intervir na eleição da Mesa, a partir de provocação de setores de direita, reconhece que a Constituição não trata das conseqüências de um mandato-tampão para uma nova eleição da Mesa. E quer substituir essa omissão constitucional pela sua interpretação de que o importante agora é garantir o rodízio. Na verdade, o que não está proibido na Constituição está permitido. E pronto. Independente disto, o objetivo fundamental que hoje perseguimos é o da estabilidade das instituições e o da garantia das prerrogativas do Legislativo, inclusive sua "autonomia e independência". Espera-se que Rodrigo Maia, no cargo de presidente da Câmara, defenda a instituição. E que, com muita firmeza, também assim procedam os que não participaram do golpe parlamentar há pouco desfechado em nosso país. 2) A segunda questão é a da eleição da Mesa da Câmara. Junto com a eleição da Mesa do Senado, geralmente suscitam polêmicas, talvez porque sejam confundidas com uma eleição geral. E, contudo, elas são muito diferentes. Em uma eleição geral, democrática, todos partem, em princípio, de condições iguais, ninguém ganhou nada preliminarmente, qualquer partido pode lançar seus candidatos a qualquer cargo e os eleitores é quem irão decidir quem ganha ou perde. Numa eleição para uma Mesa da Câmara ou do Senado isto não ocorre. Ela parte do fato de que a eleição geral já se realizou e elegeu parlamentares de diferentes partidos, sendo que alguns desses partidos saíram bem mais fortes que outros. A chamada "eleição" da Mesa busca organizar o grupo que vai dirigir esse conjunto heterogêneo, eleito pelo povo. O Regimento Interno da Câmara foi elaborado em 1989, pouco depois do fim da ditadura. Era necessário impedir que o Partido ou Bloco majoritário açambarcasse toda ou a maior parte da Mesa Diretora. Aí deveria ser garantida a representação dos partidos minoritários, o que foi feito estabelecendo-se que a proporção do número de deputados eleitos por cada partido seria o critério para definir quantos cargos um partido teria na Mesa. O Regimento consolidou esta metodologia, que é democrática, porque respeita o resultado da eleição havida e organiza, a partir daí, a chamada "eleição" da Mesa. Ponho entre aspas esta "eleição" para a Mesa porque ela é a conseqüência da eleição geral que houve. Ganhará a Mesa quem ganhou a eleição passada. O funcionamento desse mecanismo é descrito no art. 8º do Regimento: "Na composição da Mesa será assegurada... a representação Chegamos assim ao pleito de 2014. Na eleição para a Câmara, foram sufragadoss partidos com o dobro, o triplo, dez, vinte vezes mais força que Mas, como essa regra é para funcionar em uma Casa política sujeita a imprevistos, o Regimento abriu espaços para alternativas e manobras Um partido define sua posição frente a essas variáveis, em função das vantagens políticas imediatas e a longo prazo que teria. Pode julgar, por Agora, na Câmara dos Deputados, a chapa constituída segundo a metodologia regimental acima descrita, é encabeçada por um partido ou Há poucos anos, o eleitorado se inclinou para os partidos e blocos à esquerda e tivemos algumas vezes mais destaque na Mesa. Até um comunista chegou a presidi-la. Agora, a esquerda perdeu força. Voltará a presidir a Mesa da Câmara, logo que voltar a ganhar as eleições junto ao povo. Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/colunistas/haroldolima/276550/Investida-sobre-o-Legislativo-e-elei%C3%A7%C3%A3o-da-Mesa-da-C%C3%A2mara.htm
|
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |