Moro agora determina: o que não é contra Lula passa a ser “propaganda política”. Por Kiko Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Saturday, 11 March 2017 05:58 | |||
O juiz paranaense agora determina o que é “propaganda política” em seu processo, como se o que ele mesmo produzisse, com a reverberação da mídia, fosse algo de natureza diferente. O critério, evidentemente subjetivo, é um só: se for contra Lula, ok. Se não, está vetado. É pós-kafkiano. A pergunta do advogado Cristiano Zanin Martins ao ministro da Fazenda Henrique Meirelles, ex-presidente do BC na gestão lulista, é absolutamente legítima. Você vê a partir do minuto 11:00 acima. Na audiência, Martins inquiriu o depoente se achava que o governo Lula “Lula trouxe benefícios ao País e não foi um governo que tenha buscado benefícios pessoais para os governantes e pessoas do alto escalão”. Moro indeferiu a questão. “A impressão é que a defesa está fazendo propaganda política do governo anterior. Isso não é apropriado”, afirmou. Para o magistrado, a resposta seria uma “opinião” e não um “fato”. Ora, quem começou essa confusão entre uma coisa e outra foram Sergio Moro e os herois da Lava Jato. Meirelles já havia contado que nunca vira “algo ilícito” e que sua relação com Lula “era totalmente focada em assuntos relativos ao Banco Central e à política econômica”. Ou seja, Moro se antecipou. Se foi assim com Meirelles, como será com as próximas testemunhas? Haverá um manual? A defesa arrolou os nomes de Fernando Henrique Cardoso, Stefan Löfven (ex-premiê da Suécia), François Hollande e Nicolas Sarkozy. Eles também serão impedidos de falar o que Sérgio Moro não quer ouvir? O que o país está assistindo não tem mais nada a ver com Justiça, mas Moro vai prosseguir até ser avisado por seus patrocinadores de que bateu no muro. Isso não é propaganda política. É fato.
Artigo publicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/moro-agora-determina-o-que-nao-e-contra-lula-passa-a-ser-propaganda-politica-por-kiko-nogueira/
|
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |