Temer afaga o mercado com a lei sobre terceirizações. Por Tereza Cruvinel |
Dando o que Falar | |||
Wednesday, 22 March 2017 06:52 | |||
Por isso entrou na pauta de votações da Câmara, nesta terça-feira, o draconiano projeto que regulamenta a terceirização de mão de obra e o trabalho temporário. O maior golpe na CLT virá com a PEC da reforma trabalhista, estabelecendo que “o negociado pode prevalecer sobre o legislado” mas, com as maldades do projeto que será votado hoje, Temer tenta adoçar a boca do mercado, neutralizando o desgaste que terá com as mudanças na reforma da Previdência. O governo de Temer, como sabemos todos, é sustentado por dois pilares de apoio, a maioria parlamentar e o mercado. O apoio parlamentar ele garante com cargos, emendas e apoio às manobras contra a Lava Jato. O do mercado, com a promessa de aprovar reformas neoliberais que suprimem direitos e atrofiam o Estado. Temer é uma espécie de dependente químico do mercado: precisa lhe entregar reformas e mais reformas para continuar respirando. Por isso a votação de hoje. O projeto pautado por Rodrigo Maia, presidente da Câmara, não é aquele que no ano passado por aprovado sob a batuta de Eduardo Cunha. É um outro, já votado pelo Senado, e que contém dispositivos até mais nefastos que o projeto de Cunha, afora as emendas introduzidas pelos governistas de agora. Se passar, vai direto para a sanção. Vejamos algumas de suas maldades. O trabalho terceirizado e temporário, por exemplo, hoje é admitido para a substituição de trabalhadores permanentes em situações tais como férias, licença-maternidade, licença-médica etc. O projeto agora inova admitindo que as empresas contratem temporários sempre que surgir uma demanda extra. E como estamos no fundo do poço de uma recessão, é previsível que, na medida em que economia se recupere, toda empresa passe a ter demanda de produtos que exija a contratação de mais empregados. E eles poderão ser todos temporários terceirizados, com seus direitos a menos, tais como o não pagamento da multa de 40% sobre o FGTS e o aviso prévio. O prazo atual para a contratação de temporários é de três meses. Se o projeto passar, o prazo subirá para nove meses. Detalhe: pelo mesmo empregador. Na prática, então, o projeto permite que o patrão, depois de 9 meses, passe o seu temporário para outra empresa de terceirização e tudo irá em frente, sem o pagamento das verbas rescisórias. Um trabalhador poderá passar anos numa mesma empresa como terceirizado e temporário, situação na qual não desfruta de todos os direitos. No projeto do tempo de Cunha (que está no Senado), as estatais foram autorizadas a contratar terceirizados mas havia uma garantia mínima: se a empresa de terceirização caloteasse os empregados, a empresa contratante assumiria a responsabilidade pelos pagamentos. Isso foi tirado do projeto a ser votado hoje, que também não estabelece diferença entre atividade fim e atividade meio e não limita a terceirização às estatais. E mais, muito mais, para tornar as relações trabalhistas extremamente precárias, tanto no setor público como no setor privado. Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/285993/Temer-afaga-o-mercado-com-a-lei-sobre-terceirizações.htm
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