Defesa de Temer segue as dicas de Gilmar. Por Tereza Cruvinel |
Dando o que Falar | |||
Sunday, 02 April 2017 09:30 | |||
A tese da unicidade da chapa, defendida pelo procurador eleitoral Nicolau Dino, e confirmada por ampla jurisprudência na própria corte, corre sério risco de ser derrubada. Se tanto o cabeça de chapa como seu vice têm responsabilidades iguais, a condenação deve ser aos dois. Tal entendimento foi aplicado pelos TREs e mantido pelo TSE no caso de muitas chapas que venceram eleições para governos estaduais. Logo, se houve abuso de poder econômico pela chapa Dilma-Temer. ambos devem ser cassado. Dilma já foi, restaria cassar Temer. Também aos dois, se for o caso, deveria ser aplicada a pena da inelegibilidade. Gilmar, entretanto, deu o caminho das pedras para a defesa de Temer, apontando a brecha na jurisprudência que pode ser utilizada para justificar a cisão da chapa. Nas alegações finais apresentadas ao TSE, na última sexta-feira, a defesa de Temer seguiu direitinho a dica recebida do ministro: invocou o caso do ex-governador de Roraima Ottomar Pinto, que faleceu antes de terminar o mandato. Ao julgar uma ação contra a chapa, já tendo Ottomar morrido, o tribunal o condenou e absolveu seu vice, que herdou o cargo, afirmando que era do titular a responsabilidade pelas contas de campanha. Dilma não morreu, mas já perdeu o mandato. Gilmar citou exatamente este caso, em entrevista à Folha de S. Paulo em 6 de junho de 2016 – cuja íntegra está disponível aqui. Comentando o futuro da ação de impugnação de mandato eletivo apresentada pelo PSDB, que agora começa a ser julgada, Gilmar citou o caso Ottomar afirmando: “Essa é uma pista que se tem dessa matéria, mas será um novo caso, com novas configurações”. A pista foi devidamente seguida e invocada pela defesa de Temer nas alegações finais. O processo 0047011-41.2008.6.00.0000, que tratou do caso Ottomar, teve como advogado do PSDB ninguém menos que o mesmo advogado que representou Aécio Neves, presidente do partido, na ação pedindo a cassação da chapa Dilma-Temer: José Eduardo Alckmin. Mas agora, tendo se tornado sócio do governo Temer, o PSDB também mudou de idéia, e nas alegações finais pediu também apenas a condenação de Dilma. Este é o roteiro que está em curso. Confira aqui a entrevista de Gilmar Mendes à Folha. Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/288227/Defesa-de-Temer-segue-as-dicas-de-Gilmar.htm
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