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Combate à corrupção está dinamitando as empresas nacionais, Por Benjamin Steinbruch
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Dando o que Falar
Tuesday, 04 April 2017 05:04

Benjamin-steinbruchNão é normal um movimento de autodestruição tão grande quanto o que está em curso no Brasil. Falo sobre a indústria brasileira. Vimos há duas semanas um evento no qual um dos setores mais eficientes da indústria brasileira, o de carnes, foi fulminado por uma operação ao que parece precipitada.

 

O objetivo, absolutamente correto, era interromper atos de corrução na fiscalização de alguns frigoríficos. Estavam envolvidas duas dezenas de unidades num universo de 5.000, ou seja, uma minoria.

O mais certo seria que os responsáveis pela eventual corrupção fossem levados à Justiça para responder pelos seus atos. Mas a comunicação espalhafatosa da operação acabou atingindo em cheio toda a atividade do setor, um dos poucos que ainda prosperam na atual recessão.

Em vez de apenas atingir malfeitores, a operação levantou grandes dúvidas sobre a qualidade das carnes. Imediatamente, vários países cancelaram importações do produto brasileiro à espera de novas garantias das autoridades sanitárias.

Em poucos dias, os frigoríficos, envolvidos ou não na operação, começaram a reduzir a produção, em razão da queda de demanda interna e externa, uma péssima notícia num país em crise: mais recessão, mais desemprego.

O problema é que não se trata de um evento isolado. A autodestruição da atividade industrial tem uma sequência assustadora nos últimos anos. O necessário combate à corrupção, em vez de punir só os corruptos, está dinamitando empresas nacionais.

A indústria naval, a de petróleo, a da construção e agora os frigoríficos são setores importantes diretamente atingidos. Em todos eles, o Brasil alcançou um nível altamente competitivo no cenário global.

A continuar essa sequência destrutiva, a tendência óbvia será a desnacionalização desses setores —desvalorizadas e sem recursos, as empresas se tornam alvos fáceis para o capital estrangeiro.

Soma-se a isso uma conjuntura adversa para a empresa nacional. O principal veículo de financiamento ao desenvolvimento, o BNDES, está contraído e receoso.

O governo reduz desonerações, o que significa aumentar impostos, e faz novo corte de R$ 10 bilhões em investimentos. O câmbio não ajuda as exportações. A taxa básica de juros continua em nível absurdo, 12,25% ao ano, embora o BC tenha começado a reduzi-la, mas com muita lentidão e medo.

Nesse cenário, a indústria tenta sobreviver. A produção do setor apresentou quedas nos últimos três anos e está hoje 16% menor que em 2013. A esperança de que pudesse haver crescimento neste ano começa a se esvair diante da continuidade do movimento de autodestruição.

A Volks foi recentemente punida por fraudar níveis de poluição de seus carros a diesel, tomou uma multa de US$ 4,3 bilhões nos Estados Unidos, mas não deixou de produzir um único automóvel. Em 2016, superou a Toyota e se tornou a maior fabricante de carros do mundo, com 10,3 milhões de unidades vendidas.

Após a rendição japonesa, em 1945, o general Douglas MacArthur chamou o imperador Hirohito para uma conversa no QG americano. A primeira coisa que ouviu do imperador foi um pedido: "General, peço que qualquer punição seja a mim, e não ao Japão".

Preservar a empresa nacional deve ser uma obrigação das autoridades brasileiras em todas as áreas: que as pessoas culpadas sejam punidas com o rigor da lei, que as empresas paguem multas por seus erros, mas que a atividade produtiva não seja mais prejudicada.

Benjamin Steinbruch é empresário, diretor-presidente da CSN, presidente do conselho de administração e 1º vice-presidente da Fiesp

Paulo Lisboa - 17.mar.17/Brazil Photo Press/Folhapress
CURITIBA, PR, 17.03.2017 - OPERAÇÃO CARNE FRACA - O ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho - Presos da operação Carne Fraca deixam o instituto Médico Legal do Estado do Paraná, em Curitiba (PR), na tarde desta sexta-feira após realização de exame de corpo delito. A "Operação Carne Fraca" deflagrada nesta sexta-feira, com o objetivo de desarticular organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
Ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná é preso na Operação Carne Fraca
Artigo publicado originalmene em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/benjaminsteinbruch/2017/04/1872276-combate-a-corrupcao-esta-dinamitando-as-empresas-nacionais.shtml

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