O que se quebrou entre Moro e os brasileiros? Por Sergio Saraiva |
Dando o que Falar | |||
Monday, 25 September 2017 06:57 | |||
Ainda que quando comparado com os índices de outras personalidades pesquisadas, o índice de Moro pode não parecer tão ruim. Por exemplo, o malvado preferido de Moro – o ex-presidente Lula – tem um índice de rejeição, que mesmo em queda, é de 59%. E Michel Temer é rejeitado por 94%. Mais do que o dobro do índice de Moro. Há que se descontar, claro, que até aqui comparamos Moro com políticos tradicionais e a classe política está em baixa como nunca junto à população brasileira. Mas mesmo quando comparamos os índices de rejeição de Moro com um seu igual – o ex-ministro Joaquim Barbosa – o “o anjo vingador” do Mensalão – Moro não se sai mal. Está em um empate técnico com Barbosa. Este com 41% de rejeição e Moro com 45%. E aqui caberia uma pergunta: por que duas personagens que nos últimos tempos têm representado no imaginário popular a figura do “santo guerreiro” combatendo os “demônios da corrupção” acabam perto de ter metade da população os rejeitando? A resposta poderia ser: o brasileiro está de mau humor. Creio que essa explicação poderia se aplicar a Joaquim Barbosa. Mas não a Sergio Moro. Em relação a Moro, algo aconteceu. Ainda não é claro o quê, mas o quando é maio de 2017. Basta analisar-se a reta imaginária que melhor resolve a sequência dos índices de aprovação e desaprovação de Sergio Moro dos últimos doze meses. Moro vinha em um crescendo de aprovação desde setembro de 2016, quando, partindo de um índice de 55%, vai atingir algo próximo a 70% em maio de 2017. Então, em maio de 2017, a reta de inverte. A partir de maio de 2017, os índices de aprovação começam a cair na mesma proporção em que sobem os de desaprovação. Até chegar hoje a estarem estatisticamente iguais, se considerarmos a margem de erro da pesquisa que é de 3% - 48% de aprovação e 45% de desaprovação. Estarão invertidos no próximo mês, se a tendência se mantiver. E tendências estatísticas, uma vez estabelecidas, não costumam se reverter facilmente. O que ocorreu? Teriam sido as imprudentes fotos dos encontros festivos de Moro com Aécio e Temer finalmente fazendo efeito? Seriam os embates entre Moro e Lula anunciados e transmitidos como se fossem lutas entre pesos pesados e nos quais Moro não teria se mostrado à altura de seu oponente? Seria simplesmente o cansaço para com uma figura midiática exposta ao extremo? Ou seria o povo brasileiro em fim se dando conta de que a cavalgada insana que Moro representa não nos levou ao paraíso prometido? Mas ao seu contrário. Neste momento ainda não é possível saber, mas o que a pesquisa Ipsos de setembro de 2017 mostra é que algo parece ter se quebrado entre Moro e o povo brasileiro. Artigo publicado originalmente em http://jornalggn.com.br/blog/sergio-saraiva/sergio-moro-e-o-cristal-partido
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