Moro soltou Lula. Por Augusto de Arruda Botelho |
Dando o que Falar | |||
Tuesday, 01 March 2022 07:36 | |||
Numa tentativa de atacar o líder das pesquisas e de diminuir ainda mais a intenção eleitoral daquele que mais próximo está do segundo colocado, seu pai, o senador, como quem parece ter passado os últimos anos em coma profundo, ressurge das cinzas para construir nada mais do que uma narrativa. Sim, Sergio Moro e membros do Ministério Público Federal cometeram dezenas de ilegalidades ao longo da Lava Jato, e essas ilegalidades, sim, causaram a anulação de condenações, a rejeição de denúncias, a prescrição de casos, não apenas do ex-presidente Lula, mas de uma série de outros acusados. A pergunta que fica é: onde estava Flávio Bolsonaro e seus apoiadores durante os anos em que essas autoridades, à luz do dia, cometeram tais ilegalidades? Moro não se tornou um juiz suspeito agora. Já o era em 2014, 2015, 2016. Em que cavernas os bolsonaristas que hoje apontam as ilegalidades da Lava Jato estiveram que permitiram a eles simplesmente ignorar todos os abusos da Operação? É de se perguntar onde estava Flávio Bolsonaro quando Moro determinou conduções coercitivas ilegais, grampeou dezenas de advogados, divulgou dolosamente interceptações telefônicas feitas ao arrepio da lei. Onde estavam Flávio Bolsonaro e seus apoiadores quando conversas ilegais e vergonhosas entre um juiz e uma parte foram divulgadas mostrando que eles combinavam ações processuais, chegando ao cúmulo de trocar figurinhas sobre provas e testemunhas a serem ouvidas? Os abusos da Lava Jato sempre foram conhecidos por Bolsonaro e seu grupo, e, mesmo assim, em conluio com eles, houve um convite para ocupar um cargo de Ministro de Estado. Cargo esse que incluía até a promessa de uma cadeira na mais alta corte de justiça do país. Flávio, sob a luz difusa de um abajur lilás, sempre soube a cama em que dormia. Sempre soube que os métodos ilegais utilizados por aquele juiz mostravam não apenas uma forma espúria de agir, mas uma deformação de caráter. Mesmo assim, o governo Bolsonaro se utilizou disso e fez com a Lava Jato uma verdadeira simbiose, uma das bases a sustentar sua ascensão ao poder. Augusto de Arruda Botelho é advogado criminalista, cofundador, ex - presidente e Conselheiro nato do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), Conselheiro da Human Rights Watch Brasil e do Projeto Inocência. Artigo publo originalmente em Moro soltou Lula - 25/02/2022 - UOL Notícias
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