Lava Jato discutiu chantagem contra ministros do TCU. Por Miguel do Rosário |
Dando o que Falar | |||
Wednesday, 27 September 2023 01:52 | |||
Em conversas subsequentes, Dallagnol foi ainda mais explícito, afirmando: “Não acreditamos muito na boa intenção, e cremos que talvez devamos endurecer um pouco o discurso, ainda que com cautelas”. O procurador Orlando Martello sugeriu que uma estratégia poderia ser “emparedar” os ministros do TCU, deixando-os “acuados”. Martello também mencionou que alguns ministros do TCU estavam sob investigação e que suas situações poderiam ser agravadas por novas leniências. Estes diálogos ganham uma nova interpretação à luz da decisão do TCU de 20 de setembro de 2023. O tribunal determinou que o Ministério Público da União deve recolher a fundos públicos o dinheiro arrecadado com acordos de colaboração premiada e leniências. Os valores devem ser depositados no Fundo de Direitos Difusos, gerido pelo Ministério da Justiça, ou na Conta Única da União, administrada pelo Tesouro Nacional. Ambos os fundos são destinados à reparação de danos causados por esquemas de corrupção. O TCU ampliou o escopo da decisão após uma sugestão do presidente do tribunal, Bruno Dantas, e enviou mensagens diretas à Lava-Jato. Segundo o ministro Benjamin Zymler, leniências e colaborações totalizaram mais de 23 bilhões de reais em multas, reparações e restituições entre 2014 e 2020. O tribunal também deu um prazo de 60 dias para o Ministério Público da União detalhar o destino de cada centavo recolhido de acordos de colaboração e leniência, incluindo cronogramas de pagamento, parcelas referentes a multas e reparação de danos, além de eventuais atrasos e sanções em caso de inadimplência. Esta decisão do TCU se junta a outras medidas recentes que questionam a conduta das antigas investigações da Lava-Jato. Por exemplo, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma investigação contra o senador e ex-juiz Sergio Moro para apurar possíveis violações de deveres de transparência e imparcialidade em decisões que autorizaram o repasse de mais de 2 bilhões de reais à Petrobras. Miguel do RosárioJornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje Artigo publicado originalmente em O Cafezinho
|
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |