“Há um tabu em discutir questões de gênero na sala de aula”, afirma conselheira Ana Vaneska |
Saturday, 30 July 2016 19:32 | |||
Parte da entrevista tem sido veiculada nos intervalos ao longo da programação da TVE. Porém, em uma versão ampliada com pouco mais de cinco minutos, é possível desbravar ainda mais alguns pontos de vista da conselheira. “Vivemos em uma sociedade capitalista, machista, racista, misógina e homofóbica. Quem tem acesso à informação e ao poder econômico, muitas vezes consegue avançar sem sucumbir a esses diversos ‘ismos’ que são as culturas de opressão e repressão”, comentou. Professora na rede municipal de ensino de Salvador, a conselheira acredita que o ambiente escolar é um excelente espaço para o fomento de debates que promovam reflexões sociais, políticas e culturais. Ana defende, por exemplo, a ampla discussão nas escolas a respeito das questões de sexualidade e gênero. “Há um tabu em discutir homofobia e questões de gênero dentro da sala de aula”, assinalou. Na entrevista, Ana repudia o fato de o Plano Estadual de Educação, documento que prevê diretrizes e metas para a educação baiana, ter sido aprovado após a supressão de termos como gênero e diversidade sexual para expressões genéricas como respeito às diversidades e tolerância. “A escola pública precisa ser, sobretudo, o espaço mais forte de debate democrático”, defendeu. MERCADO – Ana Vaneska é presidenta da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural do Conselho Estadual de Cultura. Defensora das manifestações populares e dos grupos culturais que reúnem coletivos da sociedade civil, ela acredita que o fazer cultural precisa ser analisado de modo estratégico em relação ao mercado da indústria cultural. “O mercado é muito voraz. Ele chega e transforma o criador e a criatura em mercadoria. Então, se você não tem uma política pública que garanta o fazer e o saber na sua plenitude, a probabilidade é que toda essa informação do universo da cultura sucumba em função do valor da mercadoria, em função da relação entre mercadoria e consumidor”, assegura. Diante desse desafio, a conselheira critica o atual modelo político do país e defende a necessidade de avaliação do papel da democracia na sociedade contemporânea. “O problema do nosso sistema político é que a gente foi ensinado a tomar a decisão unicamente através do voto, e aquele que é eleito e votado não representa efetivamente o nosso poder de decisão, a nossa capacidade de intervenção. A democracia precisa ser repensada, sobretudo, através da cultura”, finalizou.
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