A desconcertante confissão involuntária de Deltan Dallagnol. Por Paulo Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Sunday, 30 October 2016 18:20 | |||
Vou repetir, tamanha a importância da frase: “Lata Jato avança ao atingir todos sem distinção”. Quer dizer: agora, e somente agora, a Lava Jato atinge — alegadamente — a todos? Ao longo de todo este tempo Moro e seus comandados trataram de destruir o PT. Num jogo combinado com a mídia, a começar pela Globo, armaram operações cinematográficas quando se tratava de prender pessoas de alguma forma vinculadas a Lula. Como esquecer as cenas da condução coercitiva de Lula para um depoimento para o qual ele sequer fora convocado? E o vazamento ilegal das falas entre Lula e Dilma? E tantas, tantas, tantas outras coisas que colaboraram decisivamente para a derrubada de Dilma e que, pelo script previsto, levariam a tirar Lula do caminho em 2018? Uma democracia foi destruída. 54 milhões de votos foram incinerados para que a plutocracia chegasse ao lugar a que não consegue pelas urnas. E agora somos obrigados a engolir que a Lava Jato é, aspas e gargalhadas, “apartidária”? Isenta? Coloquemos assim: a Lava Jato tem a isenção que está fixada na missão do Jornal Nacional. Nela, o JN diz que noticia os fatos do dia com “isenção”. A Lava Jato foi, desde o início, tão isenta quanto o Jornal Nacional. As coisas saíram do controle de seus mentores, e da própria mídia, quando delatores graúdos citaram pessoas, de novo aspas e gargalhadas, “acima de qualquer suspeita”. Veio o caos, para os administradores da Lava Jato e para a imprensa. Nenhum entre eles poderia esperar que da Odebrech saísse a informação preciosa de que Serra recebera 23 milhões de dólares num banco suíço para a campanha de 2010. E atenção: em dinheiro de 2010. Hoje, seriam 34 milhões. A confusão entre as corporações jornalísticas ficou estampada notavemente nisso: a Folha deu manchete e o JN ignorou. O fato é que mudaram as circunstâncias: Moro já não é o mesmo. Caminha para ser o juiz de primeira instância de origem. Hoje é menor do que foi ontem, e amanhã será menor do que é hoje. E a ideia disparatada de Dallagnol de que a Lava Jato “avança ao atingir a todos sem distinção” merece que evoquemos Wellington. Só acredita nela quem acredita em tudo. A não ser que a tomemos como uma confissão de que ela até aqui pegou apenas um lado. Isenção a esta algura dos acontecimentos? Artigo públicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-desconcertante-confissao-involuntaria-de-deltan-dallagnol-por-paulo-nogueira/
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