O fim do "Sem Censura" e os ataques à comunicação pública. Por Tereza Cruvinel |
Dando o que Falar | |||
Thursday, 15 December 2016 02:36 | |||
Arthur Xexéo, criticando a medida em O Globo, classificou-a como a única iniciativa do atual presidente Laerte Rimoli. Não foi não, Xexéo. De natureza destrutiva, ele já tomou muitas. Acabou com os contratos que sustentavam a existência da rede pública de televisão. No segundo dia útil de sua gestão, rescindiu unilateralmente os contratos de um grupo de jornalistas em que figuravam, além de mim, Luis Nassif, Paulo Moreira Leite, Sidney Resende, Paulo Markun, entre outros. Todos fizemos nossas carreiras em veículos privados, temos reconhecimento e credibilidade. Eu presidi a TV Brasil e Markun a TV Cultura de São Paulo. Nos primeiros dias ele também interrompeu o programa infantil ABZ do Ziraldo e o programa Papo de Mãe, voltado para a criação de filhos, apresentado por Mariana Kotscho. E Temer fez o resto, editando a MP que priva a EBC do Conselho Curador, órgão de representação da sociedade civil. A ideia é acabar com os canais da EBC enquanto veículos públicos. Reduzi-los a canais governamentais. Um retrocesso na conquista democrática que a criação da EBC representou. Um desperdício de recursos e energias. Mas não é só no plano federal que a comunicação pública está sob ataque de forças conservadoras. Nos estados muita emissoras educativas vêm sendo asfixiadas pelos governos locais. Mais grave é o caso da TVE do Rio Grande do Sul, uma das mais qualificadas neste grupo, que está sendo ameaçada de extinção pelo governador Ivo Sartori. A radío pública também. Ontem, cerca de 400 pessoas deram um “abraço” no prédio em que funciona a Fundação Piratini, no Morro de Santa Tereza. Os gaúchos não querem abrir mão de sua TV Pública; Sartori baixou um pacote de austeridade que acaba com várias fundações culturais e científicas do estado, como a Fundação de Economia e Estatística e a Fundação Estadual de Psequisa Agropecuária (Fepagro). É o atraso, é o obscurantismo. Mas quando toda esta devastação terminar, vamos reconstruir o que está sendo destruído. A comunicação pública, como atributo das sociedades democráticas, reencontrará seu lugar. A MP, já aprovada em comissão especial, recria para a EBC um simulacro de conselho, um comitê editorial nomeado pelo presidente da República. A participação da sociedade é mais que isso mas o rolo compressor do governo é pesado, não permitiu mudanças restauradoras da lei original. Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/270172/O-fim-do-Sem-Censura-e-os-ataques-%C3%A0-comunica%C3%A7%C3%A3o-p%C3%BAblica.htm
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